AULAS DE SOCIOLOGIA ENSINO
MÉDIO - 2º ANO
FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE CULTURAL
BRASILEIRA
A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia
desse país sul-americano: indígenas, europeus, africanos, asiáticos, árabes,
etc. como resultado da intensa miscigenação e convivência dos povos que
participaram da formação do Brasil surgiu uma realidade cultural peculiar, que
inclui aspectos das várias culturas.
O substrato básico da cultura brasileira formou-se durante os séculos de
colonização, quando ocorre a fusão primordial entre as culturas fundamentais da
formação cultural brasileira como a dos indígenas, dos europeus, especialmente
portugueses, e dos escravos trazidos da África subsahariana. A partir do século
XIX, a imigração de europeus não-portugueses e povos de outras culturas, como
árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasileiro.
Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a
França, a Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, países que
exportam habitantes e produtos culturais para o resto do globo.
O ESTRANGEIRO SOB O
PONTO DE VISTA SOCIOLÓGICO
MIGRAÇÃO
Se
alguém faz uma análise mais aprofundada sobre si próprio, perceberá que não é
uma pessoa deslocada de seu tempo, assim como não é deslocada de suas origens.
Para muitos, a origem de seus antepassados é totalmente brasileira, mas para
outros, ela se dá através da mudança de familiares para cá como imgrantes.
No
século XIX começaram a chegar muitos imigrantes, principalmente da Europa, para
substituirem os escravos na lavouras, por causa do fim do tráfico negreiro.
Outros motivos foram: os donos de fazendas não queriam pagar salários para
ex-escravos e havia uma política que buscava o clareamento da população.
De italianos, ao contrário do que eu disse para algumas turmas, chegaram ao
Brasil aproximadamente 1,5 milhão de italianos. Destes vários imigrantes
– onde se enquadram também os alemães, poloneses, ucranianos, japoneses,
chineses, espanhóis, sirio-libaneses, armênios, coreanos – alguns se espalharam
co suas famílias e outros se organizaram em colonias ou vilas. Os grupos que se
mantiveram unidos até hoje conseguiram resguardar a cultura de seus
antepassados, ao contrário de outros indivíduos que simplesmente se misturaram
ao resot da população brasileira. Assim, encontramos colônias japonesas
espalhadas pelo Brasil, assim como bairros com grupos de descendentes de grupos
de imigrantes predominantes ou até cidades fundadas por grupos de imigrantes,
como por exemplo: as cidades de Americana e Holambra (de origem estadunidense e
holandesa, respectivamente), e os bairros da Moóca, do Bexiga e da Liberdade,
na cidade de São Paulo (sendo os dois primeiros de origem italiana e o outro de
origem japonesa). Nestes lugares, a cultura pode ser vista nos estabelecimetos
comerciais, no dialeto e nas festas tradicionais.
O que
ainda é muito visível, independente de onde se esteja, é o caso do fenômeno dos
dekasseguis – com um grande aumento na quantidade de descendentes de japoneses
que vão para o Japão trabalhar – e, ainda sobre os nisseis e sanseis, o fato de
muitos andarem em grupos formados por outros descendentes de japoneses. Isto se
dá pela força da cultura que faz com que os seus pais sejam muito rígidos na
formação dos filhos, até mesmo sobre os seus relacionamentos.
Uma curiosidade: O “Moinho de Holambra” funciona como os moinhos
holandeses, não sendo meramente um enfeite.
O estrangeiro sob a ótica de Georg Simmel
Temos
na toeria de Georg Simmel uma distinção entre o vinajante e o estrangeiro.
Mesmo usando corriqueiramente estrangeiro como todo e qualquer indivíduo que
não seja do país do qual estamos olhando. Neste caso, Simmel estabelece aqueles
que viajam, mas não se estabelecem (viajantes), e os que viajam para se
estabelecer no local de destino (estrangeiro). Assim, não é necessário que essa
pessoa tenha vindo de outro país, mas sim de qualquer lugar, longe ou perto do
local de destino. O estrangeiro se destaca dos outros integrantes do local de
destino por suas particularidades: cultural, idioma, características físicas.
Por estes mesmos motivos, ele nunca se insere totalmente no grupo, às vezes,
nem os seus descendentes. A relação que se dá entre os estrangeiros e os
habitantes locais sempre se configura na relação de amizade entre aluns membros
deste grupo, mas de um distanciamento e desprezo, por ambas as partes, quando
se olha a relação com o grupo por suas diferenças.
Daí
surge a pergunta: Por que o indivíduo imigra?
Como
afirmam os textos das páginas 21-22 e 23, um primeiro movimento é o da
impossibilidade dos imigrantes, dando destaque para aqueles que vieram para o
Brasil, de se manterem nas suas terras pelos custos de produção e de impostos;
por não conseguirem pagar suas dívidas contraídas; não poderem sustentar suas
famílias em suas terras e; por não conseguirem comprar uma porção de terra
quando buscava constituir família. O segundo movimento ocorre nas cidades:
Aqueles que saem do campo aumentam vertiginosamente o quadro de mão-de-obra na
indústria, que não consegue ser absorvido ou passa a ter que aceitar
subempregos para poderem sobreviver. O terceiro e último movimento é a sedução
que muitos passaram a receber com propagandas sobre fazer a vida na América:
Muitos acreditavam que na América teriam a possibilidade de terem terras,
fazerem fortuna com pouco trabalho, ou ao menos fazerem fortuna.
Depois
que o fenômeno imigratório cessou, os imigrantes tiveram inúmeros resultados
para não voltarem, mesmo depois da estabilidade econômica na Europa e Japão,
pós 1960:
·
Muitos não conseguiram enriquecer como as
propagandas afirmavam. Mantinha-se a intenção de “fazer a América”;
·
Outros, ao contrário, enriqueceram ou se
estabeleceram muito bem no país, não havendo motivos para volatrem para seus
países de origem, correndo risco de ficarem pobres de novo;
·
Um outro grupo se estabeleceu no país,
casando-se aqui e constituindo família, além de perderem o contato com
seus parentes de sua terra natal;
·
E havia o grupo de imigrantes que, ou achavam
que o Brasil era um país melhor que o seu próprio; ou achavam que o seu país
era muito ruim e, mesmo achando que o Brasil não era ótimo, ainda era melhor
que a pátria mãe.
"ESTABELECIDO" E "OUTSIDERS"
NORBERT ELIAS, um dos sociólogos de maior destaque no século
XX, nasceu em Breslau em 1897 e morreu em Amsterdã em 1990. Formado pelas
universidades de Breslau e Heidelberg, lecionou na Universidade de Leicester
(1945-62) e foi professor visitante na Alemanha, Holanda e Gana. No livro "ESTABELECIDO" E "OUTSIDERS"
ele investiga o dia a dia de um pequeno povoado inglês chamado Winston
Parva (nome fictício).
O título do livro nos dá uma ideia precisa de seu conteúdo. Trata-se de
ver como o grupo "estabelecido" na
aldeia havia mais tempo se relacionava com o grupo dos que chegaram mais tarde
e eram vistos pelos antigos moradores do lugar como "outsiders", isto
é, como gente de fora e, por essa razão, sem direitos de plena cidadania na
vida local. Os dois segmentos viviam às turras, cada um sentindo-se e
julgando-se diferente do outro. O segmento "estabelecido" contava já
três gerações de ascendentes e se julgava senhor de direitos especiais. Tinha
dificuldades em aceitar o segundo grupo que chegara à região em uma fase
recente da industrialização. Mesmo após um bom número de anos esse grupo
continuava sendo visto e tratado pelos primeiros -- os "da terra" --
como sendo estrangeiro e intruso. Como resultado desse tipo de atitudes
preconceituosas existia no lugarejo desigualdades marcantes que de modo algum
podiam ser atribuídas aos indicadores que a sociologia costuma usar para
explicar as desigualdades e as disputas entre grupos e indivíduos. Sergio
Micelli[2], sociólogo da USP, faz um bom resumo
do que acontecia ao dizer que "embora Winston
Parva fosse uma comunidade relativamente homogênea segundo indicadores
sociológicos correntes – renda, educação, ocupação, religião, língua e
nacionalidade, ascendência "étnica" ou "racial"—sua
população estava cindida entre, de um lado, o grupo residente no bairro
denominado "aldeia", que se enxergava e era reconhecido pelos demais
como o ‘establishment’ local
e, de outro, as famílias moradoras no relegado "loteamento", que se
viam e eram considerados como‘outsiders’ (forasteiros). A
despeito de serem uns e outros trabalhadores, portanto pertencentes à mesma
classe social, os primeiros justificavam sua "superioridade" e poder
com base num princípio de antigüidade, pois estavam aí instalados havia duas ou
três gerações, enquanto os demais eram recém-chegados à comunidade". De
suas numerosas observações, os autores concluíram que em grupos sociais muito
próximos e homogêneos, como é o caso dos dois estudados, se criam diferenças,
largamente idealizadas, que os dividem internamente e os colocam em luta pelo
controle social, gerando, no plano das relações, estereótipos e preconceitos
sociais recíprocos. Por mais que sejam "iguais", quando vistos desde
os critérios da sociologia mais clássica funcionalista ou dialética, eles não
logram explicar de maneira satisfatória o que acontece no plano das imagens
sociais que modelam as reais relações de dominação/subordinação que
se fundam de fato nas representações, crenças e valores que cada grupo julga
possuir, diferentemente do outro, sentido como de nível inferior.
MUDANÇAS CULTURAIS E ACULTURAÇÃO
A mudança cultural ocorre quando acontece qualquer
tipo de alteração na cultura. Essa mudança pode ser pequena ou de grandes
proporções, alterando toda uma cultura, como por exemplo acontece há tempos em
várias regiões da África.Pode ser aceita facilmente ou por resistência.
As mudanças podem ocorrer por vários motivos,
dentre eles, contato com outros povos, tecnologia, intempéries da natureza. No
Brasil, com a chegada dos portugueses, os povos indígenas que aqui viviam viram
sua cultura ser modificada; as tribos que não foram exterminadas viram parte de
sua cultura perder suas qualidades distintivas.
Os jesuítas que vieram para o Brasil com o objetivo
de catequisar e integrar os indígenas à cultura do branco, impunham aos povos
indígenas a aceitação da fé cristã, para que deixassem de lado os deuses da
natureza em que acreditavam.Os jesuítas pretendiam, com isso, integrar os
indígenas à cultura branca, descaracterizando-os.
Os povos africanos escravizados, que também
possuiam sua cultura bem distinta da dos europeus, sofreram esta
imposição cultural além de todo o sofrimento a que foram expostos, e parte de
sua cultura foi descaracterizada.
Quando aqui chegavam, os escravos africanos eram
obrigados a abandonar a maior parte de seus costumes e a adotar outros, que
eram impostos por seus donos, passando por um processo denominado por alguns
estudiosos “desafricanização”.Com isso, a cultura dos escravos foi bastante
descaracterizada, e muitos dos seus hábitos foram também incorporados aos
brasileiros, o sincretismo religioso é um dos resultados disso, podemos ver na
religião conhecida como Umbanda..
Da-se o nome de aculturação às mudanças culturais
que ocorrem quando duas culturas diferentes entram em contato.Ou seja, é o
processo de interação que ocorre entre duas ou mais culturas, quando uma
cultura, ou ambas, absorve os traços de outra ou de outras, e os incorpora como
parte integrante da sua, adaptando-os à sua realidade.
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