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Resumo Filosofia 2ª série 1º bimestre

domingo, 30 de março de 2014

2º Ano 1º bimestre
Ética e moral: introdução


O homem como ser racional
Debate inicial

Como posso provar que eu existo? O que me torna um ser humano diferente dos outros?

Resposta de  Descartes:
Pensar é maior certeza do ser humano e condição para que sejamos humanos, posso duvidar de tudo menos que pesamos.
Segundo a frase de Descartes: “Penso, logo eu existo”.
Isto significa que eu existo enquanto coisa que pensa, como animal pensante, meu pensamento é a condição para minha existência, pra minha vida em sociedade, para que eu me entenda como humano. Eu sou meu pensamento (consciência), que foi formado através da minha história de vida (cultura, acontecimentos, religiões...).

Os valores
a)    Juízo de Fato ou de realidade: Um fato é algo que algo que pode ser comprovado, sobre o qual podemos dizer que a afirmação é verdadeira ou falsa. Os fatos são igualmente susceptíveis de gerarem consensos universais.

b)    Juízo de Valor: Podemos definir os valores partindo das várias dimensões em que os usamos: os valores são critérios segundo os quais valorizamos ou desvalorizamos as coisas; Os valores são as razões que justificam ou motivam as nossas ações, tornando-as preferíveis a outras. Os valores não são coisas nem simples ideias que adquirimos, mas conceitos que traduzem as nossas preferências.

Tipos de valores: Existe uma enorme diversidade de valores, podemos agrupá-los quanto à sua natureza da seguinte forma:
Valores éticos: os que se referem aos critérios de conduta (como devo agir). Exemplos: Solidariedade, Honestidade, Verdade, Lealdade, Bondade, Altruísmo...
Valores estéticos: os valores de expressão e artísticos. Exemplo: Harmonia, Belo, Feio, Sublime, Trágico.
Valores religiosos: os que dizem respeito à relação do homem com a transcendência. Exemplos: Sagrado, Pureza, Santidade, Perfeição.
Valores políticos: os que dizem respeito à vida em comunidade. Justiça, Igualdade, Imparcialidade, Cidadania, Liberdade.
Valores vitais: dizem respeito a conservação da vida. Saúde, Força.     

Hierarquização dos Valores: Não atribuímos a todos os nossos valores a mesma importância. A hierarquização é a propriedade que tem os valores de se subordinarem uns aos outros, isto é, de serem uns mais valiosos que outros.


Ética e moral

A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.
a)    A Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano.  A Moral tem caráter obrigatório.
b)    A Ética é  um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, é uma reflexão sobre como agir e quais valores seguir.

A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte das sociedades primitivas, nas primeiras tribos.
A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência.
Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática.  Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.


As idéias de alguns filósofos sobre ética
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A moral aristotélica
A moral aristotélica visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada vez mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais aristotélicas a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), a moral cristã, no amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo (filósofo-rei), a moral budista, na eliminação dos desejos (Buda). Mas, na maioria das vezes, esses modelos ideais são apenas descrições sem referências a nomes de personagens históricos. A moral aristocrática propõe que cada indivíduo seja dotado das virtudes adequadas (a palavra virtude vem de virtu, que significa força) para imitar o modelo ou um ideal de vida proposto. A felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza o ideal proposto. Quanto mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de felicidade.

Sócrates (470-399 a.C.) inventou o ideal cínico (palavra derivada de canino), cuja principal virtude é o desprezo às comodidades, às riquezas e às convenções sociais, enfim a tudo aquilo que afasta o homem da simplicidade natural de que dão exemplo os animais (no caso o cão). Cínico é aquele que vive o descaramento da vida canina. Relata-se que Sócrates caminhava nos mercados apenas para saber do que ele não precisava. Outros curiosos relatos envolvendo Diógenes, tais como o da "visita do imperador", "a mão e a cuia", "a lanterna" etc indicam que este teria sido o maior cínico da história.

Platão (428-348 a.C.) propôs o ideal asceta. A prática da ascese consiste em viver na contemplação do mundo das idéias ao tempo que se afasta de tudo o que é corpóreo. "É evidente que o trabalho do filósofo consiste em se ocupar mais particularmente que os demais homens em afastar sua alma do contato com o corpo" (Platão: Fédon, 65, a). O sábio educa-se para a morte, ou seja, para o dia em que sua alma separar-se-á definitivamente do corpo, migrando para o outro mundo.

Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural, pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam da ajuda dos outros, os homens continuam desejando viver em sociedade." (Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade ou a sociabilidade distancia o homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas duas naturezas, o homem vale-se da razão.

Os estóicos são outro exemplo de moral aristocrática. No séc. IV a.C. Acredita-se que o nome estóico tenha sido inspirado no local onde Zenão de Cício (335-263 a.C.) ensinava: os pórticos (stoa, em grego). Costuma-se atribuir a razão do surgimento dessa doutrina ao fato da cidade de Atenas haver perdido sua independência para os macedônicos, prolongada depois pelo império romano. O estoicismo foi uma espécie de refúgio espiritual, uma via filosófica para se conseguir a independência em nível individual. Não obstante, o estoicismo atravessou séculos, sendo adotado pelos cristãos e até pelo imperador romano Marco Aurélio (121-180 d.C.). Segundo os estóicos, nenhum evento acontece por acaso (teoria da necessidade). Até mesmo o trajeto de uma folha que se desprende da árvore já foi milimetricamente traçado pelo Logos, princípio inteligente do cosmos. O ideal de sabedoria estóica é a completa apatia: indiferença-acomodação diante dos acontecimentos da vida, é o que revela Sêneca (4 a.C. 65 d.C.) um dos expoentes do estoicismo:
Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-se o menos possivel e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre qualquer coisa para consolo. Vê-se freqüentemente um terreno diminuto prestar-se, graças ao talento do arquiteto, às mais diversas e incríveis aplicações, e um arranjo hábil torna habitável o menor canto. Para vencer os obstáculos, apela à razão: verás abrandar-se o que resistia, alargar-se o que era apertado e os fardos tornarem-se mais leves sobre os ombros que saberão suportá-los. (1973: 216).
Não se interprete indiferença por alienação: um sábio pode engajar-se na vida política até mesmo porque estava escrito. Nesse ponto, os povos muçulmanos parecem estar em franco acordo com a doutrina estóica pois regularmente repetem a expressão maktub (estava escrito), particípio passado do verbo catab (escrever). A virtude do sábio é o controle absoluto de suas emoções. Segundo sua parenética (termo que diz respeito aos aconselhamentos práticos), quando as circunstâncias tornam impossível o controle das emoções, é aconselhável a prática do suicídio.

Epicuro de Samos (341-270 a.C.) criou o modelo de sábio epicurista: o homem que pratica plenamente a virtude da ataraxia (despreocupação; ausência de aborrecimentos, de dores ou medos).
Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se mantenha nos limites impostos pela natureza.
A ausência de perturbação e de dor são prazeres estáveis; por seu turno, o gozo e a alegria são prazeres de movimento, pela sua vivacidade. Quando dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como crêem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma (Epicuro.1993: 25)
Efetivamente, a idéia de que os epicuristas pregavam a volúpia do corpo é falsa. Eles praticavam uma espécie de otimismo profilático que se aproxima muito do famoso "jogo do contente" da personagem Poliana. Eram iconoclastas em relação aos mitos sobre morte, religião e política. Isolados em jardins afastados das agitações da vida citadina, cultivavam a amizade (a prática de viver em seletos círculos de amigos era considerada condição fundamental na vida do sábio epicurista). O modus vivendi de Epicuro e seus discípulos foi chamado de aurea mediocritas (mediocridade dourada) por Horácio.

 A moral kantiana
A moral kantiana é a concebida por Immanuel Kant (1724-1804), filósofo prussiano. Sua intuição principal foi que o indivíduo deve estar livre para agir "não em virtude de qualquer outro motivo prático ou de qualquer vantagem futura, mas em virtude da idéia de dignidade de um ser racional que não obedece a outra lei senão àquela que ele mesmo simultaneamente se dá" (Kant, 1785: 16). A ação moral exige a autonomia do agente. Ser autônomo é obedecer a si mesmo ou ao que vem de dentro. É o inverso do heterônomo (o que obedece ordem do outro, obedece ao que vem de fora). Não se pode falar em ética sem autonomia pois a ação heterônoma (cuja vontade vem de fora) não é uma ação ética. A moral aristocrática e a utilitarista não são eticamente válidas porque dependem de algo exterior: a primeira, de ideais transcendentes e a segunda, de ideais imanentes.
Para realizar a autonomia, a ação moral deve obedecer apenas ao imperativo categórico: o bom senso interior que todos nós temos de perceber que não somos instrumentos e sim agentes. Nunca instrumentalizar o homem é a exigência maior do imperativo categórico. Kant fornece uma regra para saber se uma decisão nossa obedece ou não ao imperativo categórico: indague a si mesmo se a razão que te faz agir de determinada maneira pode ser convertida em lei universal, válida para todos os homens. Se não puder, esta tua ação não é digna de um ser racional, não é eticamente boa porque falta-te a autonomia, estás agindo premido por circunstâncias exteriores a ti. O bem ético é um bem em si mesmo.
Ao realçar a exigência da autonomia da ação moral, Kant desperta a questão da liberdade ética. O conceito de liberdade ética parte da distinção entre ação reflexa e ação deliberada. A ação deliberada é aquela que resulta de uma decisão, de uma escolha, é o mesmo que ação autônoma. A ação reflexa é "instintiva", independe da vontade do agente. Apenas as ações deliberadas podem ser analisadas sob o ponto de vista ético. Voltemos ao exemplo do gato que morde o homem que lhe pisou a cauda. O gato tentou afastar o que lhe era um mal, mas não podemos dizer que ele escolheu morder o homem. Logo, não se pode dizer que o gato agiu de forma imoral ou antiética. A questão da liberdade ética pode ser assim resumida: Levando-se em conta que somos animais e ocasionalmente agimos de forma reflexa, em que condições nossa ação pode ser considerada uma ação deliberada?













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